quinta-feira, 27 de agosto de 2009

ÁFRICA



Melhoria do saneamento na África é prioridade do G8











Os líderes do G8, reunidos na cidade italiana de L Aguila (Itália) acordaram em realizar um grande esforço para ajudar os países africanos a melhorar o acesso aos serviços de saneamento, especialmente na questão de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgotos.

Ênfase especial foi dada à melhoria da coordenação visando à implementação de programas de doação e assistência que se direcionem para os objetivos prioritários das nações neste segmento. Eles pretendem que esse apoio impulsione contribuições bi e multilaterais de ajuda à União Africana e Conselho Africano de Ministros de Recursos Hídricos e outras organizações de desenvolvimento regional.

Eles reafirmaram que o aumento da escassez dos recursos hídricos e a dramática falta de acesso ao saneamento, que já atingem o continente africano, criam uma barreira intransponível para o desenvolvimento sustentável, boas condições de saúde e erradicação da pobreza.

“Nós estamos determinados a construir uma forte parceria entre os países africanos e os que compõem o G8 para aumentar o acesso ao saneamento com base nos princípios da responsabilidade compartilhada e compromisso mútuo” disseram os representantes dos países desenvolvidos. O acordo foi obtido na reunião entre os integrantes do G8 (Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Japão, Canadá, Rússia e Estados Unidos) e os países africanos (Argélia, Angola,Egito, Etiópia, Líbia, Nigéria, Senegal, África do Sul, mais a Comissão da União Africana.

"A Semana da Água que se realizará em setembro na África do Sul vai proporcionar uma oportunidade para obtermos progressos tangíveis em nossos objetivos comuns no enfrentamento dos desafios do saneamento” reafirmaram as fontes dos dois lados.

Abundância ilusória

A África parece abençoado com abundantes recursos hídricos: grandes rios incluem o Congo, Nilo, Zambeze, Níger e o Lago Vitória, que é o segundo maior do mundo.

Apesar disso é o segundo continente mais seco do mundo, depois da Austrália, e milhões de africanos continuam a sofrer escassez de água ao longo do ano. Parte das dificuldades se devem a problemas de distribuição desigual - por vezes há muita água onde há menos pessoas - e também à ausência ou deficiente gestão dos bens existentes que pode ser melhorada. Um exemplo da disparidade de disponibilidade hídrica situa-se na bacia do Congo onde 30% da água do continente drena terras habitadas por apenas 10% da população da África.

Melhorar o acesso ao saneamento, entretanto, é apenas uma solução parcial. Torneiras e canos são meros mecanismos de entrega da água, é preciso garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos disponíveis através de cuidados para conservação das zonas úmidas e rios. A concretização eficaz de gestão dos recursos hídricos na África requer participação de todos os que têm a ganhar ou sofrem com a perda da qualidade dos mananciais e da biodiversidade. Entre as primeiras medidas sugeridas, entre outras, estão:

• Estabelecer autoridades multilaterais de gestão de bacia hidrográfica em mais de 50% de 80 rios transfronteiriços e lagos na África até 2010.
• Estabelecer planos nacionais de gestão e utilização racional das zonas úmidas e de conservação de 50 milhões de hectares de zonas úmidas de água doce para sustentar os meios de subsistência dos povos locais até 2010.

A África é o lar de cerca de 13% (800 milhões pessoas) da população mundial e em contraste, é responsável por apenas 2% da produção econômica mundial. Globalmente, o setor agrícola e mineiro empregam o maior contingente de africanos. Vastas desertos e regiões densamente florestadas são quase desabitados, enquanto a densidade populacional é muito elevada, em lugares como a Nigéria, a região do Vale do Nilo, e os Grandes Lagos. Duas das maiores cidades do mundo - Cairo e Lagos - são africanas.

Mais de 80 dos rios e lagos são partilhados por dois ou mais países e muitos deles dependem da água que vem de fora de suas fronteiras. Alguns projetos hídricos de grande escala incluindo barragens podem exacerbar os impactos das cheias das secas, ameaçando a subsistência e reduzindo ainda mais o acesso à água.

A maior parte da água desviada para uso humano na África é utilizada para agricultura irrigada. Muitos destes empreendimentos agrícolas foram planejados indevidamente e não tem atingido as suas previsões de benefícios para os pobres. Esses sistemas também têm reduzido o abastecimento alimentar a partir de fontes tradicionais, como a pesca fluvial e suprimentos colhidos através de práticas tradicionais como o plantio das culturas na ápoca das cheias a partir de planícies aluviais.

Quase metade da população sofre de uma das seis principais doenças relacionadas com água. Em Moçambique mais de 1 milhão de pessoas foram deslocadas pelas inundações de 1999/2000 e houve um número ainda desconhecido de mortos. Todos os dias, 650 pessoas morrem de diarréia na África, principalmente crianças até cinco anos de idade. Mais de 10.000 pessoas contraíram cólera durante surtos na África do Sul em 2001.

Água e vida selvagem

Vastas planícies aluviais, ao longo do rio Níger e o rio em si são lar de espécies ameaçadas, como o hipopótamo e crocodilo do Oeste africano. O Níger contém 243 espécies em 36 famílias, das quais 20 espécies não são encontradas em mais nenhum lugar do mundo. O Lago Malawi, chamado Lago Niassa em Moçambique e na Tanzânia, hospeda uma das mais ricas coleções de peixes de água doce do mundo 99% das quais são encontradas apenas neste local. O lago também abriga 188 espécies de mamíferos, 140 de répteis e 90 de anfíbios.

As montanhas são frequentemente chamadas de torres de água da natureza. Devido a seu tamanho e forma, elas auxiliam na condensação das nuvens que garantem a chuva e neve necessárias ao fornecimento da água dos rios. O Vale da África Oriental inclui o Kilimanjaro que chega quase aos 6.000 metros e corta o continente, de norte a sul, por cerca de 4.000 quilômetros. Em virtude da sua raridade - em comparação com outras regiões - as montanhas e os vales adjacentes na África são de grande importância para as bacias hidrográficas do continente.

Mas os desmatamento e sobrepastoreio podem reduzir muito a confiabilidade do suprimento de água fornecida pelas montanhas e pelas zonas úmidas. Essas zonas úmidas (banhados) são fundamentais para manter a recarga subterrânea. Já há constatação de que o lençol freático está caindo rapidamente, em vários lugares, a partir de um a 30 metros, às vezes mais. Em alguns lugares e em determinadas épocas do ano, uma queda de um metro pode afetar grandemente o acesso à água segura.

Reportagem extraída da revista "Meio Filtrante" edição Julho de 2009.


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Saneamento na África: questão bem mais complexa


Pedro Paulo Libório Lima do Nascimento

A África continente mais precário do mundo começa a enxergar uma luz no fim do túnel, com o estender de mão dos países mais desenvolvidos do mundo do G8, mas é importante salientar que esta mão que hoje é estendida foi e ainda é a causadora desses danos sociais. A própria reportagem traz uma alusão ao leitor que pensa na real “prioridade” dos países do G8 em distribuir os recursos hídricos. O problema está muito além disso tudo.

Com base na afirmação acima, é intrínseco observar que se hoje a África é o continente mais pobre e sem recursos do mundo isso se deve principalmente a colonização européia, causando estas mazelas. A partilha do continente para exploração dos recursos minerais, o desrespeito à separação dos territórios das tribos nativas e o consequente afastamento destas de suas administrações regionais sem dúvida resultaram no caos administrativo que a África vive atualmente.

Além de todo esse passado de dominação há a grande dificuldade de fazer a reestruturação do continente culturalmente uma vez que culturas e costumes - regionalmente diferentes - não foram respeitados e mesclados entre si ou separados internamente (na própria tribo). Uma saída para resolução deste problema seria uma reforma agrária, porém é quase impossível migrar essas tribos e devolvê-las a seus locais de origem, uma vez que grande parte delas possui interesses diferentes economicamente e socialmente, sendo esta a principal causa das guerras civis.

Quanto aos recursos hídricos é necessários primeiro estabelecer acordos entre os governantes desses países já que segundo a reportagem a proposta é levar água de um território nacional a outro, ou seja, é necessário que o país detentor do recurso hídrico se disponibilize a dividir sua bacia com as regiões vizinhas. A outra saída seria povoar, urbanizar essas regiões que possuem esses recursos, porém estão inabitadas.

Acima de todas essas expectativas uma é fundamental: a quebra do preconceito dos países ricos e de suas populações que precisam lançar seu olhar para este povo, só assim o desenvolvimento, a qualidade, a expectativa de vida e a tecnologia chegará ao continente africano, é difícil, mas não é impossível.






África/Saúde: Continente precisa de diálogo concertado para enfrentar ameaças ambientais - OMS







Libreville, 26 Ago (Lusa) - A África está a ficar sem hipóteses face às actuais ameaças ambientais e aos consequentes problemas de saúde pública e precisa de repensar políticas e estratégias, alertou o director da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a região.

O angolano Luís Gomes Sambo destacou assim, em declarações à agência Lusa, a importância da primeira Conferência Interministerial sobre Saúde e Ambiente, que hoje começa em Libreville, Gabão.

Água não potável, saneamento básico quase inexistente, sobrepovoamento urbano, tratamento de resíduos irregular ou visíveis alterações climáticas são alguns dos muitos problemas identificados pela OMS em África.

"São problemas básicos para os quais a África ainda não encontrou as soluções correctas e que podem ser minimizados, bem como o seu peso na saúde pública", declarou Luís Gomes Sambo.

"Quando falamos em desenvolvimento, estamos igualmente a falar em melhorar a saúde das pessoas. E para melhorar a saúde pública, temos de melhorar o ambiente", disse.

Para o responsável, o encontro em Libreville vai permitir ao continente africano dar os primeiros passos de um diálogo concertado, intersectorial e cada vez mais necessário.

"Pela primeira vez, os ministros africanos vão ter a oportunidade de discutir o interface entre o Ambiente e a Saúde", afirmou. "Vão analisar os problemas comuns, trocar experiências e o debate vai gerar uma nova reflexão e novas ideias."

Luís Gomes Sambo acredita que os países africanos terão de repensar os seus sistemas de saúde, nomeadamente ao nível dos recursos humanos e das infra-estruturas, e fortalecer a capacidade institucional da área ambiental. "Será que os países em África têm outra hipótese?", questionou.

Como tal, o director regional da OMS espera que no final da conferência, que irá decorrer até sexta-feira, seja assinada uma declaração com as principais linhas de orientação para uma estratégia concertada, envolvendo as áreas da Saúde e Ambiente, mas também ao nível da Educação e das comunidades.

Um plano de intenções que também poderá colocar, segundo as expectativas do director da OMS África, as questões ambientais do continente na agenda da comunidade internacional.

A par da OMS, a conferência conta com o apoio do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) e do Governo do Gabão, como entidade anfitriã.

Só em 2002, segundo dados fornecidos pela OMS, os factores ambientais estiveram associados à morte de cerca de 2,4 milhões de pessoas.

A organização internacional acrescenta que os riscos ambientais contribuem em cerca de 25 por cento para o total das doenças existentes no mundo, um valor que aumenta para aproximadamente 35 por cento em regiões como a África Subsariana.


Reportagem extraída do site "Jornal de Notícias" do dia 26 de agosto de 2009. http://jn.sapo.pt/paginainicial/


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EXPLORADOS AMBIENTALMENTE


Pedro Paulo Libório Lima do Nascimento

Quatro anos depois de um dos anos mais quentes da história do planeta (2005), o mundo ainda se depara com esse total descaso dos países ricos com a estrutura climática do planeta, e do continente mais sacrificado para desenvolvimento dos demais a África. Em vista disso são realizadas várias conferencias.

Com uma economia baseada majoritariamente na agricultura, a África é o continente que menos polui, mas será o mais afetado pelos efeitos da mudança climática, como as secas, as inundações, e as crises de fome provocadas por uma menor produção agrícola e pelos conflitos para controlar os recursos.

As regiões do continente mais ameaçadas nos próximos 50 anos pela modificação do clima são aquelas onde vivem as populações mais pobres. "A situação é alarmante", segundo a Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que assinala, com a exceção de sete países sobre os quais não há dados, praticamente toda a África subsaariana é vulnerável à mudança climática.Quase toda a área do Burundi e de Ruanda, assim como grandes partes da Etiópia e da Eritréia, o sudoeste do Níger e o sul do Chade encontram-se entre os pontos mais vulneráveis.

O relatório prevê que a mudança climática afetará a duração das estações e a produção agrícola, da qual a maioria dos africanos depende para sobreviver, e que secas matarão o gado, que também sustenta grande parte da população. As zonas mais castigadas serão as áreas áridas e semi-áridas do Sahel e do leste da África, a região dos Grandes Lagos, as zonas litorâneas do leste continental e as partes mais secas do sul."

A África parece carregar o maior peso dos impactos da mudança climática, apesar de ter algumas das taxas per capita mais baixas de emissões de gases do efeito estufa. “Por isso, as conseqüências dessas mudanças representam um desafio ético global, não apenas científico e de desenvolvimento”. São muitas às crescentes mensagens de alerta sobre como a mudança climática está afetando o continente africano.

Outro relatório, preparado pela ONG Christian Aid e intitulado "O clima da pobreza", diz que 185 milhões de pessoas na África subsaariana podem morrer devido ao aumento de doenças atribuíveis à mudança climática.O aumento das temperaturas fará com que insetos como o mosquito, que transmite doenças como a malária, possam viver em altitudes mais elevadas, estendendo a doença a regiões onde ela atualmente não existe, afirma a Christian Aid.

Com esses dados observa-se a alarmante situação em que, principalmente os países ricos, colocam os países pobres e principalmente o continente africano caracterizado por uma população agrária em sua maioria que necessitam do campo para sobreviver.



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